Bares, restaurantes e outros segmentos afetados pela pandemia seguem  com faturamento baixo, sem acesso à crédito, sem fôlego para inovação, levando-os ao  inevitável corte de  pessoas. O desemprego bate recordes no país e  não há luz no fim do túnel com o término do auxílio emergencial.

Neste cenário, os conflitos envolvendo as relações de trabalho crescem proporcionalmente à crise, já que fica ainda mais difícil de se enxergar e compreender, verdadeiramente, as necessidades de cada um: Daqueles que precisam receber e daqueles que não conseguem pagar.

Neste cenário, a única solução é o DIÁLOGO. Sempre, o diálogo.

A comunicação em tempos de crise é sempre mais desafiadora: comunicar aos funcionários que haverá corte, que jornadas poderão ser reduzidas, que o pagamento vai atrasar neste mês, que o estabelecimento vai fechar…é tudo muito difícil.

O medo da reação do outro pelo o que lhe será dito, leva a uma comunicação ineficaz. Tenta-se evitar o “olho no olho” e, em tempos de pandemia e whatsapp, uma mensagem escrita com emojis, parece nos livrar da difícil conversa. Ilusão. Uma comunicação ineficaz pode piorar e  muito o cenário.

Enquanto o conflito se instaura, a falha na comunicação no ambiente de trabalho traz sintomas clássicos, que são acentuados em tempos de crise:

  • Queda na confiança dos colaboradores;
  • Conflito com sócios;
  • Conflitos com fornecedores;
  • Diminuição do engajamento e  produtividade;
  • Desorganização;
  • Desmotivação.

Se você não se comunica com o seu funcionário, alguém se comunica por você: algum membro da família, outro colega, o sindicato da classe, um advogado que busca demanda judicial… e, certamente, a mensagem não chegará da mesma forma.

O primeiro sintoma, a quebra de confiança, leva o funcionário  a uma pré disposição em não aceitar qualquer proposta de acordo que venha do seu empregador , massacrando a possibilidade de uma conciliação extra judicial, empurrando a solução para o Judiciário. A partir daí, a espera por uma decisão, por si só, aumenta a intolerância  entre as partes, além de não ser eficaz para resolver a crise presente.

Por isso, para atravessar este cenário é preciso DIÁLOGO, franco e direto, com muita escuta ativa de ambos os lados, para que a conexão entre as necessidades de cada um seja estabelecida e, assim surja uma boa solução para ambos.

Por isso, apontamos 5 importantes dicas para você, empresário (a), abrir caminho para encontrar boas soluções  nesta crise:

1) Exponha com franqueza as dificuldades que a empresa vem atravessando, mostre números, cite exemplos, seja direto(a) e transparente;

2) Fale de seus sentimentos, como está se sentindo com a crise e não tenha medo de expor sua vulnerabilidade, pois só assim conseguirá se conectar emocionalmente com seus funcionários e  (re) estabelecer a confiança;

3) Exponha as alternativas e soluções que pensou para que, juntos, atravessem a crise;

4) Após falar,  dê voz aos seus colaboradores para que exponham seus sentimentos e necessidades;

5) ESCUTE. Escute  a todos, até o final, sem interrupções. Se necessário, faça apenas anotações em um caderno sobre os pontos mencionados que deseja se aprofundar um pouco mais ou esclarecer.

Sem dúvidas, o  processo de construção do diálogo não será fácil, requer coragem, paciência e disposição para ESCUTAR. Provavelmente, não será em apenas um dia de conversa, haverá necessidade de mais de uma ocasião; provavelmente não será presencial, mas por vídeo conferência, o que importa é persistir neste caminho porque as chances de se chegar a uma boa solução para todos são enormes.

Para atravessar a crise, comunique-se antes que alguém se comunique por você!

Silvia Oliveira Seixas Advocacia